quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Flor

A Flor era uma mulher madura mas sozinha. Quando se olhava ao espelho achava que era por ser madura que era só. Mas estava enganada. A Flor era mais má que boa, não suportava a simpatia, ser incomodada a meio da noite com o desespero dos outros, que lhe pedissem coisas, o natal e todas as festividades que obrigavam as pessoas a juntarem se. A Flor era amarga. Por isso era sozinha. Mas apesar do espelho mostrar as rugas e a idade não mostrava que por dentro era apenas uma mulher caprichosa e infeliz. Todos os dias eram iguais e ela não fazia nada a não ser lamentar a vida que tinha. A Flor podia ter agradecido e retribuido à vizinha da frente quando esta lhe ofereceu uns ovos das suas galinhas, podia ter vivido uma bela historia de amor com o Sr. Relvas que tentava sempre incansavelmente elogiá la e ser muito cavalheiro, podia sair com os amigos da cultura que organizavam visitas e passeios todos os.fins de semana. Bastava ter dado o beneficio da duvida e ter deixado de lado o seu feitio.
Mas na verdade, mudar tudo isso aos 70 anos não era no fundo deixar de ser ela própria?

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